A Comunidade SER funciona como um
“negócio social”, ou seja, pode ter fins lucrativos, mas sempre com o objetivo
de gerar transformação social e de não acumular mais do que o necessário para
atender as necessidades básicas e as amenidades de cada indivíduo. As
necessidades básicas são vestuário, alimentação, habitação e higiene. As
amenidades são necessidades de conforto e expressão da própria individualidade,
como viajar, fazer cursos, adquirir algo por motivos estéticos ou simbólicos etc.
Ter clareza da medida do que é
necessidade básica e amenidade não é fácil, e por isso os membros da Comunidade
SER buscam investigar e compartilhar com o grupo quais são suas necessidades
financeiras pessoais e, a partir disso, construir em grupo modelos de negócio e
metas financeiras que contemplem ao máximo a todos, respeitando diferenças
individuais. Ou seja, não acreditamos nem no modelo de divisão igual para
todos, nem no modelo de acúmulo para poucos e de escassez para muitos, mas num
modelo que atenda a justa medida de cada um, sem colocar como critérios mais
importantes o cargo, a experiência e o currículo de cada um. Para isso ser
verdadeiro e preciso, os membros da Comunidade SER precisam ter clareza de qual
é o propósito de vida de cada um, e o quanto cada um precisa para realizar esse
propósito com dignidade. Uma tarefa árdua, que vai se clareando ao longo dos
anos de auto-investigação e de convivência comunitária.
Além disso, o modelo de negócio
social significa que investimos simultaneamente em projetos corporativos, ações
em comunidades socialmente vulneráveis, trabalhos voluntários, cursos livres
para indivíduos em geral, atendimentos como profissionais autônomos, entre
outros. Não focamos num público ou num tipo de ação específico, mas sim no
conjunto de ações, de qualquer natureza, que nos ajudem a alcançar nosso
propósito e nossa visão de mundo.
A criação de um modelo de
negócios que atenda a essa complexidade é outro desafio e, portanto, procuramos
desenvolver um modelo que siga diretrizes comuns, mas que possa ser questionado
e revisto ao longo do tempo e de acordo com cada projeto. Atualmente,
funcionamos juridicamente tanto como empresa quanto como ONG. No caso de
projetos feitos via empresa, trabalhamos com porcentagens institucionais para
projetos, que garantem que aqueles que ganham mais deixem mais recursos para a
Comunidade e apoiem as ações daqueles que eventualmente estejam com menos
receita. Uma vez retirada a porcentagem institucional, os recursos restantes
são divididos entre os que trabalharam no projeto, de acordo com a contribuição
de cada um. No caso de projetos feitos pela ONG, seguindo a legislação vigente,
remuneramos as pessoas que eventualmente trabalharam no projeto específico, sem
divisão de lucros.
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