sexta-feira, 6 de julho de 2012

Negócio Social


A Comunidade SER funciona como um “negócio social”, ou seja, pode ter fins lucrativos, mas sempre com o objetivo de gerar transformação social e de não acumular mais do que o necessário para atender as necessidades básicas e as amenidades de cada indivíduo. As necessidades básicas são vestuário, alimentação, habitação e higiene. As amenidades são necessidades de conforto e expressão da própria individualidade, como viajar, fazer cursos, adquirir algo por motivos estéticos ou simbólicos etc.

Ter clareza da medida do que é necessidade básica e amenidade não é fácil, e por isso os membros da Comunidade SER buscam investigar e compartilhar com o grupo quais são suas necessidades financeiras pessoais e, a partir disso, construir em grupo modelos de negócio e metas financeiras que contemplem ao máximo a todos, respeitando diferenças individuais. Ou seja, não acreditamos nem no modelo de divisão igual para todos, nem no modelo de acúmulo para poucos e de escassez para muitos, mas num modelo que atenda a justa medida de cada um, sem colocar como critérios mais importantes o cargo, a experiência e o currículo de cada um. Para isso ser verdadeiro e preciso, os membros da Comunidade SER precisam ter clareza de qual é o propósito de vida de cada um, e o quanto cada um precisa para realizar esse propósito com dignidade. Uma tarefa árdua, que vai se clareando ao longo dos anos de auto-investigação e de convivência comunitária.

Além disso, o modelo de negócio social significa que investimos simultaneamente em projetos corporativos, ações em comunidades socialmente vulneráveis, trabalhos voluntários, cursos livres para indivíduos em geral, atendimentos como profissionais autônomos, entre outros. Não focamos num público ou num tipo de ação específico, mas sim no conjunto de ações, de qualquer natureza, que nos ajudem a alcançar nosso propósito e nossa visão de mundo.

A criação de um modelo de negócios que atenda a essa complexidade é outro desafio e, portanto, procuramos desenvolver um modelo que siga diretrizes comuns, mas que possa ser questionado e revisto ao longo do tempo e de acordo com cada projeto. Atualmente, funcionamos juridicamente tanto como empresa quanto como ONG. No caso de projetos feitos via empresa, trabalhamos com porcentagens institucionais para projetos, que garantem que aqueles que ganham mais deixem mais recursos para a Comunidade e apoiem as ações daqueles que eventualmente estejam com menos receita. Uma vez retirada a porcentagem institucional, os recursos restantes são divididos entre os que trabalharam no projeto, de acordo com a contribuição de cada um. No caso de projetos feitos pela ONG, seguindo a legislação vigente, remuneramos as pessoas que eventualmente trabalharam no projeto específico, sem divisão de lucros.

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